Escorre-se
o amor que eu sinto por você do meu coração assim como escorrem as gotas de
chuva de uma janela de carro. E vai escorrendo, deslizando aos poucos por entre
meus dedos enquanto eu tento ainda segurar, mas desisto. Desisto e assisto-o
escorrer. E desejo que escorra mais rápido e que leve junto tudo o que me
trouxe, porque se tivesse sido bom, eu não desejaria tanto esquecer. E dói
tanto isso, dói mais do que a picada de abelha que levei um dia no parque
quando criança. Porque ao invés de picada, eu levei foi uma surra que mutilou,
estraçalhou e quebrou meu coração.
De
você já não quero mais nada a não ser esquecer. Esquecer a dor que me causou, o
tempo que perdi e as cascatas de lágrimas que despejei em meu pobre e único
companheiro de sofrimento, o meu travesseiro.
E
que escorra logo, que escorra de uma vez. Que escorra e desapareça como se nada
nunca tivesse acontecido. Que o amor leve a dor consigo, porque de dor já
transbordei muito e por muito tempo. Agora só busco viver uma vida que você
nunca poderia me dar. Alegrias, sorrisos e risos que você não seria capaz de me
proporcionar nem em uma vida toda como um dia eu desejei.
E
com essas palavras, do meu coração esse amor tão cruel escorre e se vai. Se vai
de mim, se vai para o fim porque não desejo guardar nenhum pouco disso que eu
senti e vivi na memória. Desejo apenas deletar tudo isso como se fosse um
arquivo inútil salvo no computador e que eu não quisesse mais ter, que pudesse
excluir, que pudesse me livrar como desejo me livrar de tudo o que vivi com
você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários