Me afoguei em minha própria tristeza, me embriaguei de
minha desgraça. Acostumada a sofrer, acostumada a ser rejeitada, eu vivia de
migalhas, chorava e sofria sempre calada.
O tempo passava, mas eu não enxergava, continuava a viver
como se nada tivesse mudado, acreditando cegamente em uma promessa regada a
mentiras, acreditando que ter aquele tipo de amor, era melhor do que não ter
nada.
Eu aceitei, eu compreendi o incompreensível porque queria
que também me compreendessem. Eu criei em minha mente uma fantasia, um conto de
fadas que foi distorcido, que foi destruído quando eu passei a enxergar a
realidade.
Eu demorei muito tempo para abrir os olhos, eu não queria
acordar porque tudo parecia um doce sonho, mas eu acordei, eu despertei e vi
que tudo aquilo o que eu vivi não passava de uma farsa.
Eu não queria mais lágrimas, meus olhos já não aguentavam
mais e em meus lábios já não se via um sorriso surgir á um bom tempo. O olhar
era sempre vago, sempre cansado e baixo. Ninguém entendia o porquê, para todo
mundo eu só era uma garota fria, fresca e que não gostava de nada. Mas ninguém
imaginava o porquê daquilo, ninguém fazia ideia do medo que eu sentia de ser
magoada e o quanto eu era magoada.
Por baixo da minha carcaça eu era fraca, eu era ingênua e
vivia acreditando em conto de fadas. Foi muito duro ter que aprender que o amor
não é sempre um mar de rosas, que aquele que te faz sorrir, um dia também pode
e vai te fazer chorar e te fazer odiar amar alguém.
Não aprendemos a amar alguém, nós simplesmente vamos amando
e nem ao certo sabemos o porquê disso tudo. Nós também não aprendemos a sofrer
ou a fazer alguém sofrer, mas sofremos e causamos sofrimentos também. E com o
tempo, aprendemos que o amor não é algo que se possa ser ensinado, que não
escolhemos amar alguém e nem podemos obrigar alguém a nos amar. Que a mágoa,
que a raiva, que os sorrisos, que todos os sentimentos que o amor pode nos
fazer dar ou sentir, não pode ser calculado. Muito menos o tempo que o amor vai
durar. Que certas coisas, por mais que tenhamos ouvido falar milhões de vezes,
não compreendemos e o amor é uma dessas coisas. Nunca todo mundo vai entender
nossa forma de amar, como nós nunca vamos entender a forma que todo mundo ama.
Experiências, por mais ruins, por mais sofridas e dolorosas que possam ser, só
são adquiridas com o tempo. E só quem se arrisca a viver esse turbilhão de
emoções e momentos é que poderá um dia saber o que é amar.
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