Em um passe de mágica voltou
ao seu estado inicial, o pó. E como diz a bíblia do pó nascemos e ao pó
retornaremos. E você voltou. Assim, de repente sem se despedir de mim. Sem
poder ouvir pela ultima vez o quanto eu te amei e o quanto eu vou te amar até
depois do meu ultimo suspiro e o quanto eu te amo mesmo depois que o seu -ultimo
suspiro- já tenha sido á tanto tempo.
A sua carne já apodrecida
ainda habita a minha memória e a dor da sua partida parece estar cravada em meu
peito por toda a eternidade. Até hoje eu não me recompus e não consegui sozinha
entrar nos eixos. Não segui em frente e provavelmente nunca vou conseguir sem
você aqui comigo.
Tudo parece um longo e
tenebroso pesadelo do qual eu não consigo acordar. E eu gritaria com todas as
minhas forças e o mais alto que eu pudesse o seu nome se isso pudesse te trazer
de volta, mas eu sei que não pode.
A minha mãezinha, se você
soubesse o quão difícil está sendo sem você aqui. E eu sei que se você pudesse
escolher ficar, nunca teria partido e que se pudesse voltar talvez voltasse só
pra me dizer que tudo iria ficar bem não é? Gostaria de ter pelo menos um pouco
da sua força e garra pra enfrentar sozinha esse mundo tão grande e perigoso que
ele é quando se está tão só.
Solidão deixou de ser apenas
uma palavra e se tornou a minha maior compainha desde que você partiu. O
chocolate branco já não tem mais graça quando tinha quando você comia. E nenhum
bolinho de chuva tem o gosto tão bom quanto o seu. Ninguém tem as suas rugas ou
o contorno dos seus olhos. Nem o amor que você tinha por mim. Nem o seu
sorriso.
Eu já não vejo mais os
familiares porque eles me lembrariam aos tempos em que você me obrigava a ir
vê-los. Eu já não desenho mais e eu não pinto mais o meu cabelo. Eu não escuto
mais as mesmas músicas e de uma forma estranha eu amadureci um pouco. Eu fiz todas
essas coisas, só não consegui deixar de sentir que falta uma parte de mim
quando você não está mais aqui. E essa falta me dói de uma maneira tão profunda
que nem sei explicar.